Bucaneiro, comerciante, guarda ou médico, mas nunca “aventureiro”.

 

   Eles podem ser chamados de guarda do palácio ou guarda da cidade, ou a patrulha. Seja lá seu nome, o seu propósito em qualquer obra de fantasia é idêntico; É, a partir do capitulo três ou em dez minutos no filme, entrar na sala, atacar o herói um de cada vez, e serem massacrados. Ninguém sequer perguntou se queriam.

   Este livro é dedicado á estas pessoas.

 -Terry Pratchet, introdução á ‘Guardas! Guardas!

   E este texto é dedicado ao escritor de fantasia amador, roteirista, ou o simples jogador de RPG.

    Acredito que todos vocês sejam, de alguma forma, fãs de ficção especulativa. E presumo que vocês tenham percebido que, quando falamos de histórias de fantasia ou ficção cientifica, nos vem à mente os arquétipos clássicos; o cavaleiro corajoso, não obrigatoriamente com um cavalo, o pirata, o sábio mago, o contrabandista espacial, o cientista, o soldado e o mercenário impiedoso.

       Estes são arquétipos muito interessantes e que já deram pano de fundo á muitas boas histórias. Mas vamos perceber que existem muitos outros arquétipos, profissões e meios de ganhar a vida que deixamos de lado, por não parecerem “emocionantes” o bastante.

        E se contássemos uma história sobre o mercador tentando ganhar seu dinheiro, o guarda tentando manter seu local á salvo, o capitão de uma nave ou outros?

        Podemos observar e perceber que algumas das histórias mais interessantes foram criadas a partir dos pontos de vista nem tão habituais; a trilogia do senhor dos anéis foi estrelada por um jardineiro, o já citado “guardas guardas” de Terry tinha como protagonistas…. Pessoas óbvias. Serenity contava a história do ponto de vista da tripulação de uma pequena nave, vindas do lado “mau” e derrotado de uma guerra civil.

         E se tentássemos deixar os grandes heróis salvadores do mundo de lado por alguns minutos, e contássemos a história de um mercador de um mundo de fantasia? Alguém tentando passar por trilhas e taxas perigosas, protegendo a mercadoria de inúmeros ladrões, nem todos armados, para ganhar algumas moedas? Poderia haver tanta ação e coisas interessantes quanto uma história sobre heróis, mas mantendo uma visão mais pessoal do mundo e do comercio.

         -Eu tentei sugerir isto para o Sebastião, mas fui ignorado.

           Ou, voltando para a opera espacial, a história do pobre médico tendo de manter vivos os seus companheiros que insistem em fazer alguma estupidez. Ou o bastardo responsável por manter todas as engenhocas da nave funcionando, algo com que os mesmos idiotas companheiros insistem em dificultar, sempre invertendo a polarização ou explodindo-a de alguma forma.

              Criar uma história sobre os tipos alternativos de pessoas na ficção especulativa pode ser difícil, e nem todos podem fazer isto. Claro, se você lê este site é por que deve ser esperto o suficiente.

               Um dos perigos desta tarefa é o de tornar a história entediante com detalhes para quem ninguém liga. Se um escritor tentasse me vender um livro sobre um cozinheiro e descrições detalhadas sobre como ele corta tomates ou seu dilema com a falta de peixe, eu olharia para o cara com pena, logo depois do cínico socar ele na cara. Assim como no exemplo do mercador citado anteriormente, caso a história se perdesse em discussões sobre o preço de uma mula ou na descrição do cascalho em meio á estrada.

               Mas se este mesmo escritor tentasse me contar a história de um cozinheiro, envolvido em uma trama ou conspiração envolvendo o destino de seu estado, devido ao fato de estar em constante contato com políticos freqüentadores de seu restaurante, eu mostraria interesse.

                Outro detalhe á ser levado em conta é como o escritor deve manter a profissão ou trabalho que resolveu utilizar relevantes para a história. Do que adiantaria se eu escrevesse sobre um personagem que é engenheiro, se alguns capítulos depois ele se torna um pistoleiro/capítão de sua nave? Ou a história de um taverneiro, que depois se descobre um grande feiticeiro e escolhido para coisar o mundo, sendo que o fato de ser o servidor de uma taverna não serve para nada além de ser um enfeite para o personagem?

                   Vamos olhar, por exemplo, o primeiro filme de jornada nas estrelas, onde Luke skywalker é um fazendeiro no começo, mas nunca mais lembramos disso por que ele se torna um cavaleiro jedi. Não que isto tenha atrapalhado a história, mas serve para percebermos como certos aspectos do personagem podem ser esquecidos facilmente.

                  Seja criando um mundo fictício regrado pelas forças do plebotium, ou uma obra baseada em eventos históricos, pode ser útil pesquisar sobre as diferentes profissões do período descrito ou de épocas semelhantes. Pois pode deixar sua história mais detalhada, sendo que o guarda na porteira deixa de ser alguém que está lá apenas para mostrar como o vilão/herói é poderoso, e personagens podem ter mais profundidade do que “eu sou um aventureiro e realizo aventuras” ou “eu sou um mercenário e mato coisas por dinheiro”. Ou pode dar uma interessa nova visão para a sua história.

                  Ou, se vai dar arquétipos e profissões mais comuns para os protagonistas de sua história, façam uma pequena pesquisa sobre o assunto. Pesquise sobre como funcionavam as negociações e leis dos mercenários, cavaleiros, capitães, governantes, soldados, policiais, detetives, Bucaneiro e qualquer coisa sobre a qual você queira escrever.

                Boa sorte.

-Lorde da Dança

Sobre nickollateslla
Eu sou um deus do rock, vindo a terra para... annn.... esquece. Eu sou um nerd que foi renegado pelo próprio psicólogo e que agora procur

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